Vinícola na Emília Romanha: conhecendo o Lambrusco com a Cleto Chiarli

Uma dica de vinícola na Emília Romanha que vale a pena visitar e conhecer um pouco sobre um ótimo Lambrusco da região!

Primeiro, acredito que seja melhor começar explicando um pouco sobre o Lambrusco, já que muitas pessoas já beberam, mas sabem realmente pouco sobre ele.

Lambrusco

A palavra Lambrusco refere-se a um número de uvas diferentes  e do vinho produzido com estes. Na Itália existem diferentes especificações DOC e IGT do vinho Lambrusco.

As uvas Lambrusco são escuras, cultivada principalmente na região italiana da Emilia Romanha, nas províncias de Modena e Reggio Emilia, em quantidades menores, na província de Parma e na Lombardia, na província de Mantova. Eles são usados para a produção de vinhos espumantes e frisantes, tintos e rosé.

Lambrusco foi, em 2013, o vinho mais vendido na Itália.

Existem quatro tipos de Lambrusco DOC:

  • Lambrusco rosso Salamino di Santa Croce: tinto. O nome vem de uvas que lembram o salame, tem uma cor escura com uma espuma roxa intensa e um corpo médio.
  • Lambrusco di Sorbara: é talvez o mais valorizado e é produzido em áreas da província de Modena, que pode ser tinto ou rosé, seco ou doce. É tipicamente um vinho leve, com aromas de framboesa, cereja e morango.
  • Lambrusco Reggiano: realizado na região da província de Reggio, e pode ser rosé e doce ou tinto e seco. Possui um sabor fresco e perfumado.
  • Lambrusco Grasparossa di Castelvetro : seco ou doce. Possui uma espuma de cor de cereja com sabores mais amplos do que os outros três tipos de Lambrusco.

Lambrusco é produzido no leste da Lombardia, onde produz outra DOC, Lambrusco Mantovano, que, no entanto, traz o rótulo uma referência à sub-denominação de origem, não entrando nas quatro denominações DOC mencionadas acima. Este vinho é tipicamente aroma leve e frutado, pode ser tinto ou rosé e é feito com diferentes variedades de Lambrusco.

As variedades menores são Lambrusco Marani, o Lambrusco Maestri, o Lambrusco Ancellotta, o Lambrusco Montericco e o Lambrusco Viadanese ou Grappello Ruberti.

Lambrusco - Emilia Romanha - Itália

 

O Lambrusco é ou frisante ou espumante (e, neste caso, pode ser seco, amável – demi-sec -, ou doce). Tanto a versão espumante quanto a frisante podem ser rosé.  Há também alguns casos de Lambrusco método clássico espumante (a tecnologia tradicional, também para o espumante, é o Charmat). Alguns vinicultores vinificam o vinho como branco, mas a propagação desta versão é muito rara.

A minha visita, que conto a vocês abaixo, foi feita numa vinícola histórica, e que indico a visita pois é uma ótima base para conhecer um pouco mais sobre o Lambrusco, já que é a vinícola mais antiga.

A vinícola

Cleto Chiarli, o fundador, deu nome à vinícola, criada em 1860, e foi quem lançou o Lambrusco internacionalmente, tanto que em 1900, em Paris, por ocasião da Exposição Universal, a Cleto Chiarli & Figli é reconhecida pelo júri do prestigiado prémio “Mention Honorable”. Naquela época, fora da Itália ninguém tinha experimentado o Lambrusco, a Cantina Chiarli foi coroada pela qualidade do seu vinho, pela garrafa, pelo rótulo e pela rolha, naquela época amarrada com corda.

Lambrusco - Emilia Romanha - Itália

 

A empresa está estruturada em três grandes adegas, e minha visita ocorreu na atmosfera histórica de Castelvetro di Modena, no coração da produção de Lambrusco Grasparossa. E ali a vinha tem 60 hectares, dos quais cerca de 51 de Lambrusco Grasparossa e 9 de Pignoletto, videira cada vez mais utilizados e empregada na área e na região de Bolonha, tanto na produção de vinhos espumantes, quanto de vinhos base.

Em Castelvetro a adega se concentra na produção de qualidade, e está limitado a cerca de 1,5 milhões de garrafas.

A Cleto Chiarli produz 11 vinhos:
– 4 diferentes variações de Lambrusco Grasparossa em pureza,  como o frutado Prunonero e o mais clássico Enrico Cialdini que carrega o nome do general do Resurgimento italiano, que nasceu na Villa Chiarli, propriedade da família desde 1890;
– 3 variações de Lambrusco de uvas Sorbara, como o já lendário “Vecchia Modena  que recebeu o ‘’Premium Méntion Honorable’’ e o Lambrusco del Fondatore;
Nivola, uma cuvée especial de uvas Grasparossa e Salamino que homenageia Tazio Nuvolari;
– 2 vinhos espumantes : o Brut Moden com uvas de Pignoletto e o Brut Rosè com vinificação rosé de uvas Grasparossa.

E ainda produz:

  • 3 tipos de licores:
    • Fiore di Mallo di Noci – Nocino: licor à base de castanha,
    • Grappa Vecchia Modena
    • Liquore Mirtillo, licor à base de mirtilo
  • 3 tipos de Aceto Balsamico (vinagre balsâmico)

A colheita das uvas acontece em vários períodos distintos: as uvas Sorbara são colhidas em Setembro, a Grasparossa em outubro. Já a uva  Pignoletto é cedo, entre final de agosto e início de setembro.

A vinificação de Lambrusco é feito principalmente através do método Charmat, mas hoje é possível encontrar vinícolas que usam o “método clássico”. A produção é de um vinho vivo, borbulhante, alegre e perfeitamente adequado para a cozinha típica da Emilia Romanha, que é bastante gordurosa, basta pensar nos pratos como tigelle, gnocchi fritti e os embutidos.

 

A visita:

Lambrusco - Emilia Romanha - Itália

 

A visita é feita na adega (cantina) e na área de produção, conhecendo assim o processo de vinificação e produção que ocorre desta forma;

  • primeiro ocorre a prensagem da uva
  • depois a maceração com as cascas da uva, que é  de menos de um dia para as uvas Sorbara e 3/4 dias para as uvas Grasparossa
  • em seguida ocorre a filtragem e a transferência  através de tubos de aço inoxidável em um dos tanques da foto abaixo;
  • e depois o vinho descansa em tanques de aço entre 0/2 graus até o engarrafamento
  • quando passa ao engarrafamento passa em autoclave por 30-40 dias, onde entra em contato com o pied de cuve, e realiza-se a segunda fermentação.

Mesmo que a especificação legislativa não o preveja, os vinhos Lambrusco de qualidade da Chiarli  indicam o ano de engarrafamento.

Lambrusco - Emilia Romanha - Itália

 

A degustação foi de:

  • Vecchia Modena – “Premium” – Mention Honorable; Lambrusco di Sorbara DOC, 2014
  • “Fondatore” – fermentato in bottiglia, Metodo ancestrale. Lambrusco di Sorbara DOC 2013
  • “Vigneto Cialdini” Lambrusco Grasparossa di Castelvetro DOC, 2104.
  • Pruno nero Dry – Lambrusco di Modena D.O.C. Spumante Dry – Grasparossa 65% e Salamino 35%

Tudo acompanhando de embutidos e biscoitos salgados. Vinhos deliciosos e  leves, ideias na minha humilde opinião, para o calor do Brasil. Eu, aqui na Itália bebo Lambrusco principalmente no verão, geladinho… humm… deu água na boca só de lembrar….

Vale muito a visita. Eu recomendo!
Eu visitei Modena e Maranello, convidada pela região Emília-Romanha, dentro do programa Discover Ferrari & Pavarotti Landalém de conhecer os museus Ferrari (veja AQUI), e a produção do queijo parmigiano reggiano (parmesão), e uma Acetaia (veja aqui), fazendas onde se produzem o aceto balsamico, visitei ainda a Cleto Chiarli.

Banner-Discover-354x186px-1

O que é o Discover Ferrari e Pavarotti Land?

O Discover é um serviço completo concebido para apresentar aos visitantes uma ampla gama de instalações, empresas e monumentos de excelência da área de Modena. Estes incluem a Ferrari e os seus museus, a Casa de Pavarotti, os locais de produção do vinagre balsâmico, queijo parmesão, vinho Lambrusco e produtores de embutidos e seus museus, bem como as delícias da própria cidade de Modena e das cidades de Maranello, Sassuolo e Nonantola. O passaporte é válido por um dia e custa € 48 no total para adultos. Inclui o transporte desde a estação de Bolonha até os locais incluídos, bem como o acesso aos mesmos e aos museus da rota Discover Ferrari e Pavarotti Land. Ele pode ser prolongado a um custo de € 12 por dia. Para os menores de 18 anos, o passaporte custa apenas 24 €, uma oportunidade única para os jovens visitantes conhecerem a beleza e a excelência desta área.

Ainda há outras experiências que espero contar logo logo aqui no blog, aguardem!

 Informação:

Discover Ferrari & Pavarotti Land,
Site da vinícola: Cleto Chiarli
Endereço desta vinícola: Via Belvedere, 4 – Castelvetro di Modena (MO),Italy
Visitas: com o sistema Ferrari & Pavarotti, ou com reservas feitas pelo email: accoglienza.cletochiarli@chiarli.it

*Gostaria de agradecer a Região Emilia Romagna que me convidou para essa interessante experiência. 

blogtour

Mapa

Sobre Deyse RibeiroDeyse Ribeiro é natural de Minas Gerais, mas vive na Toscana desde 2007. Fez curso de sommelier na FISAR, master em Wine Expert (Academia del Gusto) e Guia Enológica na Itália. É empresária, guia de turismo, especialista em turismo de experiência na Itália, além de editora do Portal Tour na Itália, e deste site.

2 comentários em “Vinícola na Emília Romanha: conhecendo o Lambrusco com a Cleto Chiarli”

  1. LUIZ ANTONIO

    bom dia , em junho próximo estarei em MIlão alguns dias e gostaria de conhecer a região emilia romana e dos lambruscos , vamos em dois casais , quero saber quanto gasto com passeio e translados para conhecer a região saindo de bolonha ( também vou me hospedar por 4 dias ).
    Voces fazem esse passeio ???

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *