*Este post faz parte da Blogagem Coletiva de Gastronomia Italiana, a qual é promovida por blogueiras brasileiras residentes na Itália que durante as sextas-feiras de outubro vão publicar uma série de textos sobre especialidades da cozinha italiana.

O tema do quarto e último post é vinho!

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Como sei que no Brasil já são famosos vários vinhos Toscanos como o Chianti, Brunello, Bolgheri, etc… decidi hoje apresentar um vinho pouco conhecido fora da Itália, mas que faz quase parte do dia-a-dia do Toscano, o Vin Santo.

Meu Vin Santo preferido, Castello di Montefioralle, com o cantuccini da Alessia
Meu Vin Santo preferido com o cantuccini da Alessia

O Vin Santo, ou Vinsanto é um tipo de vinho doce, de sobremesa, e é tradicional da Toscana e da Úmbria e feito com as uvas trebbiano e malvasia., mas que também pode ser produzido com sangiovese e neste caso é chamado de vinsanto occhio di pernice (fulvo).

Existem várias teorias sobre a origem do nome. A versão da cidade de Siena fala de um frade franciscano que em 1348 curava as vítimas da praga com um vinho que era comumente usado pelos frades para celebrar a missa, e logo a crença  de que o vinho tinha propriedades milagrosas se espalhou, trazendo o nome de santo.

Uva Trebbiano
Uva Trebbiano no Chianti

Outra versão vem de Florença, e diz que durante o Concilio de Florença, em 1439, o metropolita grego Giovanni Bessarione proclamou, enquanto estava bebendo um vinho Pretto:  “Esta é o vinho Xantos “, talvez referindo-se a um vinho de sobremesa grego de Santorini. Porém os convidados, que tinha confundido a palavra Xantos com santos, acreditaram que ele havia descoberto no vinho uma qualidade digna de ser chamado de “santo “. Em qualquer caso, a partir daquele momento o vin Pretto foi chamado Vin Santo.

A origem menos romântica da história, mas provavelmente, a mais provável, é a associação deste vinho com o seu uso comum durante a missa.

a paisagem do Chianti
a paisagem do Chianti

Existem vários tipo de Vin Santo:

  • Vin Santo del Chianti DOC
  • Vin Santo del Chianti Classico DOC
  • Vin Santo del Chianti Classico Occhio di Pernice
  • Vin Santo di Carmignano
  • Vin Santo di Carmignano Occhio di Pernice
  • Vin Santo Montepulciano DOC
  • Vin Santo Montepulciano Occhio di Pernice

Meu preferido é o Vin Santo Chianti Clássico DOC, com denominação de origem controlada, já falamos sobre essas nomenclaturas em outro post. O Disciplinare de produção você encontra clicando aqui.

COMO É FEITO?

Recolhe-se as uvas malvasia e trebbiano, depois os cachos selecionados, vão para a chamada “vinsantaia” onde ficam pendurados em ganchos para “apassire“, ou seja, perder liquido e aumentar a concentração de açúcar. O Vin Santo do Chianti deve apassire no mínimo até 1 de dezembro e no máximo até 31 de março do ano seguinte a vindima. Veja como fica lindíssima a vinsantaia!

Vinsantaia em San Miniato
Vinsantaia em San Miniato
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Vinsantaia em Greve in Chianti

Depois ocorre todo o processo de vinificação. O envelhecimento deve ocorrer em barris de carvalho de não mais de 5 hectolitros, ou seja barris pequenos . Eles somente podem ser vendidos depois de 1 de novembro do terceiro ano após a colheita. Porém encontramos muitos Vin Santos envelhecidos 5 anos!!!

Atenção! Não chame o VIn Santo de licoroso! Vinho licoroso na Itália é somente aquele em que no processo de vinificação vai acrescido álcool. No Vin Santo não vá acrescido álcool, o álcool contido no vinho é natural, o teor alcoólico é 15 a 17%.

Molhando o biscoito... literalmente!
Molhando o biscoito… literalmente!

Como deve ser apreciado?

A tradição Toscana é clara!! Vin Santo acompanha o cantuccini!!! Sim, faz parte de 90% dos menus toscanos nos restaurantes!

O Cantuccini é um biscoito de amêndoas muito consumido na Toscana, é um pouco duro, mas delicioso. Numa das minhas últimas visitas ao querido Fernando, produtor de vinho e meu “professor”, a Alessia, sua filha, estava fazendo o cantuccini (veja foto abaixo) e tirei algumas fotos ainda sem serem cortados. A maneira correta de comer o famoso “Vin Santo con cantuccini” é molhar o biscoito no vinho, para amolece-lo um pouco  e depois é só saborear!

Mas não é só com o cantuccini que se bebe o Vin Santo, puro também, ou acompanhando um bom queijo pecorino (de ovelha) típico da Toscana.

Então, se vier a Toscana, não deixe de experimentar o Vin Santo, um ótimo vinho Toscano!

Espero que vocês tenham apreciado essa Blogagem Coletiva sobre culinária italiana, este foi o último post da série.

Não se esqueça, é possível realizar comigo uma degustação Técnica e visita em vinícola: essa é uma forma de conhecer a fundo as vinícolas da Toscana, aprender mais sobre o vinho e ainda fazer uma degustação técnica de vinhos guiada por quem entende e estuda a fundo os vinhos da Toscana.
Entre em contato para saber mais e veja as opções de passeios aqui!

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Sobre Deyse RibeiroDeyse Ribeiro é natural de Minas Gerais, mas vive na Toscana desde 2007. Fez curso de sommelier na FISAR, master em Wine Expert (Academia del Gusto) e Guia Enológica na Itália. É empresária, guia de turismo, especialista em turismo de experiência na Itália, além de editora do Portal Tour na Itália, e deste site.

0 comentário em “Gastronomia Toscana: o Vin Santo Toscano”

  1. Oi Deyse,
    Experimentar o vin santo na Toscana é um clássico que faz parte de qualquer viagem. Ótima dica. Não sou muito fã de vinhos doces para sobremesa, mas simplesmente não dá para experimentar!

    Essa semana eu também escolhi a Toscana como território e falo especificamente do Vino Nobile di Montepulciano… ah, que linda cidadezinha… não me canso de visitá-la. Aqui a dica: https://www.brasilnaitalia.net/2013/10/gastronomia-italiana-o-vinho-nobile-di-montepulciano.html

    Até a próxima

    Abs

    Barbara

    1. Oi Barbara, obrigada pelo comentário. Eu gosto muito do Vino Nobile tbm, meu preferido é o Contucci. O vin santo la em casa não falta, meu sogro que me introduziu no vin doce! Hahah

  2. Oi, Deyse, hum…. eu também adoro “molhar o biscoito” no vinho, hehehehe.

    Quando eu for aí, vamos tomar uma taça desse Vin Santo Toscano, juntas, ok?

    Beijos de Riccione,

    Maria

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