Historicamente definida como “Campânia Félix” pela fertilidade do solo e pelo clima ameno, a Campânia é hoje um dos territórios italianos mais interessantes, possui uma riqueza única de variedade de vinhas locais.

A Campânia encanta seus visitantes com os aromas do Mediterrâneo libertados pelos pinheiros, laranjeiras e limoeiros. As falésias, as praias convidativas e seu mar cristalino seduzem qualquer turista.

Privilegiada com um clima ameno e solo fértil, a região caracteriza-se por uma zona acidentada, com muitas montanhas. O vulcão Vesúvio, um dos poucos ainda ativos na Europa, os Golfos de Nápoles e Salerno, separados pela península de Sorrento, e as ilhas de Ischia, Capri e Procida oferecem paisagens de rara beleza.

Na Campânia, o vinho sempre desempenhou um papel fundamental, totalmente ligado à história e tradição da região. Uma história fascinante, que se concretiza nas muitas uvas da região e nos seus vinhos famosos, começando pelo Falerno, um dos vinhos mais antigos da Itália.

A história da viticultura da Campânia

O vinho da Campânia já era famoso na antiguidade romana, sobretudo o Falerno.

A enologia na Campânia iniciou-se com a chegada dos antigos gregos na região. Eles fizeram do vinho um verdadeiro produto com grande valor comercial. A produção foi ainda maior durante o Império Romano.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, houve um colapso na produção de vinho por causa da escassez na produção de uvas, situação que voltou a ser restabelecida no fim da década de 1970.

Voltando aos gregos, provavelmente foram eles que introduziram as sementes de vitis vinifera na região da Campânia, por isso é que a grande maioria das uvas hoje consideradas nativas dessa região são de origem grega, como por exemplo, a Aglianico, Greco Bianco, Fiano, Falanghina, Biancolella e Piedirosso.

A influência da cultura enológica dos antigos gregos é ainda hoje visível nas técnicas de cultivo “alberello” e na forma como as vinhas são podadas. A contribuição dos gregos foi fundamental para o sucesso dos vinhos da Campânia que se registou na época romana.

Naquela época, Pompeia assumiu uma importância enológica bastante elevada, não só pela quantidade considerável de tabernas que possuía regadas a milhares de barris de Falerno, mas principalmente por ser o principal centro comercial de vinhos da região da Campânia.

Os portos de Pozzuoli e Sinuessa despachavam milhões de litros aos outros países do Mediterrâneo. O prestígio e a fama do vinho Falerno eram tão elevados que uma ânfora deste vinho poderia até valer o preço de um escravo. Todo esse prestígio se acabou juntamente com Império Romano. Não apenas do famoso Falerno, mas de toda a produção da Campânia.

Com a queda do Império Romano, Campânia rapidamente se tornou uma área de total desinteresse pelo vinho, situação que durou até a Idade Média.

Entre altos e baixos, a enologia da Campânia retomou o caminho da qualidade efetiva apenas a partir da década de 1980. De lá para cá, os vinhos da Campânia têm colecionado sucessos incríveis e um interesse considerável por parte dos consumidores, interesse que diz respeito tanto a brancos como a tintos. Greco di Tufo, Fiano di Avellino, Falanghina, Taurasi e as diferentes expressões do imponente Aglianico, são apenas alguns dos muitos vinhos que hoje fazem da Campânia uma das regiões mais interessantes da Itália do ponto de vista enológico.

 

Os vinhos da Campânia

As uvas da região

A Campânia é uma região bastante rica em vinhas. Nos vinhos da Campânia é bastante raro encontrar a presença de uvas “internacionais” nas composições: a parte do protagonista nesta região pertence às uvas nativas.

Entre as castas brancas de Campânia, podemos citar: Asprinio, Falanghina, Fiano, Greco, Coda di Volpe, Pallagrello, Biancolella e Forastera. Já dentre as variedades de uvas tintas: Aglianico, Piedirosso, Sciascinoso, Pallagrello nero e Casavecchia.

Uma curiosidade, é que a Casavecchia ficou esquecida por muitos anos, e redescoberta na última década com ótimos resultados. Ela produz vinhos tintos extremamente elegantes e ricamente coloridos, possuindo um teor de antocianinas superior ao da Aglianico.

A Barbera e a Sangiovese são as vinhas mais cultivadas entre as não nativas da região.

Os vinhos da Campânia

As denominações de origem da Campania

Entre as Denominações de Origem dos vinhos da Campânia, durante muitos anos o imponente Taurasi DOCG foi o único vinho a receber o DOCG. Desde 2003, ele foi acompanhado pelo Greco di Tufo DOCG e o Fiano di Avellino DOCG. Dessas 4 DOCGs, duas são de vinhos brancos e duas de vinhos tintos.

Há ainda 15 áreas agraciadas como DOCs, são elas:

DOC

  • Aversa DOC
  • Campi Flegrei DOC
  • Capri DOC
  • Casavecchia di Pontelatone DOC
  • Castel San Lorenzo DOC
  • Cilento DOC
  • Costa Amalfitana DOC
  • Falanghina del Sannio DOC
  • Falerno del Massico DOC
  • Galluccio DOC
  • Irpinia DOC
  • Ischia DOC
  • Península Sorrentina DOC
  • Sannio DOC
  • Vesuvius DOC

Os vinhos da Campânia

Dentre essas regiões, detalharemos um pouco sobre algumas delas.

  • Aglianico del Taburno DOCG

A denominação Aglianico del Taburno DOCG é reservada para vinhos da Rosso, Rosso Riserva e Rosato tipos, produzidos a partir de uvas da Aglianico videira (mínimo de 85% dessa uva emn sua composição), sendo o restante composto por outras uvas tintas autorizadas para serem cultivadas na província de Benevento. A área de produção dos vinhos DOCG Aglianico del Taburno inclui todo o território administrativo dos municípios de Apollosa, Bonea, Campoli del Monte Taburno, Castelpoto, Foglianise, Montesarchio, Paupisi, Torrecuso e Ponte e parcialmente o território dos municípios de Benevento, Cautano, Vitulano e Tocco Caudio, todas na província de Benevento.

Os rótulos que sustentam essa denominação devem passar por um envelhecimento obrigatório de pelo menos três anos, sendo que, no mínimo um deve ser em barricas de carvalho e seis meses em garrafa.

  • Taurasi DOCG

A denominação de origem Taurasi DOCG compreende vinhos Taurasi e Taurasi Riserva, obtidos a partir da vinificação de uvas Aglianico (no mínimo 85%).

O vinho  DOCG Taurasi deve ser submetido a um envelhecimento obrigatório de pelo menos três anos dos quais pelo menos doze meses em barricas de madeira.  Já os Taurasi Riserva devem ser submetidos a um envelhecimento obrigatório de pelo menos quatro anos, dos quais pelo menos dezoito meses em barricas de madeira.

São vinhos elegantes e equilibrados. Considerados fechados na juventude, o que permite um bom período de guarda/envelhecimento. O Taurasi, nos seus tipos Taurasi e Reserva Taurasi, são vinhos com boa estrutura e teor alcoólico balanceado, seus apreciadores dizem que “corpo e plenitude encontram o seu equilíbrio na garrafa. ”

A área de produção está na província de Avellino e inclui o território dos municípios de Taurasi, Bonito, Castelfranci, Castelvetere sul Calore, Fontanarosa, Lapio, Luogosano, Mirabella Eclano, Montefalcione, Montemarano, Montemileto, Paternopoli, Pietradefusi, Sant’Angelo, Esca, San Mango sul Calore, Torre le Nocelle e Venticano.

A região também produz vinhos IGT interessantes, produzidos com uvas nativas e internacionais, conforme nomeados abaixo:

IGTs

  • Campânia IGT
  • Catalanesca del Monte Somma IGT
  • Hills of Salerno IGT
  • Dugenta IGT
  • Epomeo IGT
  • Paestum IGT
  • Pompeiano IGT
  • Roccamonfina IGT
  • Terre del Volturno IGT

  Os vinhos da Campânia

As áreas cultivadas

Na Campânia distinguem-se 5 grandes zonas: Casertano, a zona de Nápoles; e as esplêndidas ilhas de Capri e Ischia; Irpinia; Benevento; e a importante região de Cilento, na divisa com a Calábria.

O território da Campânia é essencialmente acidentado, com solos de origem vulcânica e sedimentar em suas cordilheiras, que constituem 34,5% de toda a topografia da Campânia. O clima ameno torna a região apta para o cultivo de vinhas de diferentes tipos, dos quais se produzem muitos vinhos premiados, 56% tintos e 44% brancos.

Algumas áreas da região possuem características especiais e exigiram soluções curiosas por parte dos produtores para que tivessem colheitas satisfatórias, como por exemplo, acontece na província de Benevento, a estagnação das águas é o principal defeito de suas terras, e que foi superada com sucesso através da adoção de técnicas agronômicas adequadas.

A produção vinícola da Campânia diz respeito a toda a região, mas regista-se uma maior concentração na província de Avellino – zona de origem Taurasi, Greco di Tufo e Fiano di Avellino – e de Benevento, cujos vinhos pertencem em grande parte a interessante Denominação de Origem Controlada Sannio e Taburno.

Os vinhos mais interessantes da Campânia são produzidos com uvas nativas, brancas e tintas, um autêntico tesouro que a região é capaz de explorar ao máximo, caracterizando a produção vinícola da Campânia de uma forma absolutamente única. Nesse sentido, o exemplo da Campânia tende a ser seguido em outros lugares da Itália, uma vez que cada região do país é rica em uvas nativas, o que as torna incrivelmente únicas.

Sobre Deyse RibeiroDeyse Ribeiro é natural de Minas Gerais, mas vive na Toscana desde 2007. Fez curso de sommelier na FISAR, master em Wine Expert (Academia del Gusto) e Guia Enológica na Itália. É empresária, guia de turismo, especialista em turismo de experiência na Itália, além de editora do Portal Tour na Itália, e deste site.

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