Se você é um apaixonado pela Itália e pelos seus vinhos, já deve ter lido em algum lugar sobre o Franciacorta. Mas você sabe realmente o que é? Conversando com um cliente, percebi que assim como o termo Chianti, o Franciacorta gera algumas dúvidas se é uma cidade, uma estado, um vinho ou uma região vinícola. Vamos compreender melhor?
É um estado? uma cidade? uma região vinícola? um vinho?
Franciacorta não é uma região política italiana, portanto não é um Estado, nem uma cidade.
Então o que é?
- Franciacorta é uma área geográfica – uma área montanhosa localizada entre Brescia e o extremo sul do Lago Iseo, na Lombardia. Veja mapa abaixo
- Franciacorta é uma zona vinícola – área dedicada à viticultura no sul da Província de Brescia. Veja mapa abaixo.
- As denominações reconhecidas neste território são: Franciacorta DOCG e Curtefranca DOC
- As uvas cultivadas são: chardonnay, pinot nero e pinot bianco.
- Franciacorta é o nome de um vinho – um espumante de método clássico que goza do reconhecimento DOCG, cuja produção é permitida no território homônimo da província de Brescia. Também conhecido como “o champagne italiano”.
- As cidades onde é permitido produzir o Franciacorta DOCG são: Paratico, Capriolo, Adro, Erbusco, Corte Franca, Iseo, Ome, Monticelli Brusati, Rodengo-Saiano, Paderno Franciacorta, Passirano, Provaglio d’Iseo, Cellatica, Gussago e parte das cidades de Cologne, Coccaglio, Rovato, Cazzago San Martino, Brescia, todas na província de Brescia.
Informações sobre a área da Franciacorta
- A região de Franciacorta está localizada na província de Brescia, Lombardia, norte da Itália;
- É banhada pelo Lago d’Iseo. que possui mais de 65 mil km²;
- A região está distante 20 quilômetros de Brescia, 40 quilômetros de Bergamo e 90 quilômetros de Milão;
- O clima da região, que inclusive contribui bastante com a qualidade do vinho, é do tipo continental, caracterizado por verões suaves e invernos bem frios.
- Leia o nosso texto com um Guia para a rota vinícola do Franciacorta
Um vinho pouco conhecido no mundo
Apenas 11% da produção anual de Franciacorta, de 17,4 milhões de garrafas, é exportada para todo o mundo. Essa porcentagem tende a aumentar, no entanto, à medida que a denominação continua a se distinguir de outros vinhos espumantes tradicionalmente elaborados.
Durante anos, Franciacorta foi comparado ao Champagne, porque os dois vinhos usam o mesmo método de fermentação em garrafa e variedades de uvas primárias – mas as comparações param por aí. As melhores Franciacortas têm identidade própria.
Uma combinação de vinicultores de vanguarda, um foco crescente na viticultura orgânica, a redução (ou eliminação) da dosagem e experimentos promissores com uma uva nativa recentemente revivida resultou em espumantes espumantes movidos pelo terroir que deveriam estar no radar de todos os amantes de vinho.
Um pouco da história da região Franciacorta
Inicialmente habitado por povos celtas, foi com os romanos que as videiras passaram a ser cultivadas na região, graças ao seu clima e solo favoráveis. Autores romanos clássicos já faziam menção ao fato. O plantio das videiras não parou com o fim do Império Romano, já que Ostrogodos e Lombardos não só continuaram, como expandiram a prática.
Ao longo do tempo, vários monastérios se estabeleceram na região, como San Salvatore, Colombaro, Timoline, Nigoline e Cluniac, entre outras, dando continuidade ao cultivo das terras da região. Aliás, acredita-se que foram os monges de Cluniac que levaram para lá as uvas cabernet e merlot, bem como o método de fabricação do espumante. Durante a Alta Idade Média, apesar de todas as guerras e conflitos políticos, Franciacorta se estabeleceu como uma das maiores produtoras de vinho do que viria a ser a Itália.
Existem duas versões para o nome “francacorta”. Uma aponta para a presença de vários monastérios de origem francesa, e por isso, era chamada de “Curtes Francae” que pode ser traduzido como tribunais monásticos franceses, ou mesmo pequena França. Há quem diga, porém, que o nome deriva do fato de que a produção do local era franca, ou seja, estava livre de impostos.
O vinho Franciacorta DOCG
O vinho produzido na região é um espumante que segue o método champenoise, muito utilizado na Europa nas regiões Champagne, na França, Catalunha, na Espanha, e Franciacorta. Esse método consiste em fazer o vinho passar por duas fermentações: a primeira em tanques de inox e a segunda dentro da garrafa. Além disso, o produto passa por um envelhecimento de 18 a 60 meses, dependendo do tipo de vinho.
Vamos à algumas informações sobre este vinho:
Uvas: a produção é feita com uma mistura de uvas:
- Chardonnay
- Pinot blanc
- Pinot noir – máximo 50%
- Erbamat – máximo 10%
Nesta região vinícola, é possível ainda a produção do seguintes tipos de vinhos:
- Franciacorta DOCG
- Franciacorta Satén DOCG
- Franciacorta Rosé DOCG
- Franciacorta Millesimato DOCG
- Franciacorta Riserva DOCG
Com relação ao sabor, os vinhos apresentam as seguintes classificações:
- Pas Dosé: vinho extremamente seco;
- Extra Brut: muito seco;
- Brut: seco, porém mas mais macio que o Extra Brut;
- Extra Dry: macio
- Sec ou Dry: menos seco e ligeiramente doce;
- Demi-Sec: sabor bem adocicado, indicado para acompanhamento de sobremesas.
Com exceção do Satén, que é sempre Brut, todos os outros tipos apresentam todos os sabores listados. Os vinhos produzidos em Franciacorta possuem a certificação DOCG (Denominação de Origem Controlada) desde 1995.